RIOS E RIBEIRÕES
Retirada de resíduos sólidos da calha dos córregos em estudo:
A limpeza de córregos incluirá os serviços de capina e roçada, retirada de resíduos da construção civil (entulho), resíduos sólidos domésticos (lixo) e controle do crescimento da vegetação nas margens (capina) dos córregos em cada microbacia. Todos os córregos serão limpos continuamente, sendo que a retirada de lixo e entulho deverá ser realizada semanalmente. Enquanto que os serviços de capina deverão ser executados três vezes ao ano. A iniciativa contribui para o desassoreamento dos córregos, diminuindo os riscos de enchentes durante o período chuvoso e contribuindo para a retomada do equilíbrio ecológico aquático. Entre os resíduos recolhidos no leito dos córregos, além do lixo doméstico, estão resíduos da construção civil, além de outros dejetos de origem industrial consumidos e descartados pela população local, como pneus, embalagens metálicas, plásticas, mobiliário doméstico, eletrodomésticos, brinquedos, garrafas de vidro, restos de madeiras, entre outros objetos de uso humano descartados. Todos esses resíduos serão destinados a programas de reciclagem local, já existentes ou por serem criados no decorrer deste projeto, como parte do Plano de Manejo de Resíduos Sólidos que deverá estar sujeito às medidas regulatórias dos programas da Superintendência de Limpeza Urbana da PBH.
NASCENTES
A área conhecida como a região do Isidoro (ou Izidora) tem cerca de 10 km² e está localizada no vetor norte do município de Belo Horizonte, fazendo fronteira com o município de Santa Luzia. A principal característica dessa área é a existência de uma grande extensão de área verde preservada constituindo, uma área de transição entre o cerrado e a mata Atlântica. Nessa região, existem catalogadas cerca de 280 nascentes, 64 córregos (Figura 1). O maior deles é o córrego dos Macacos que é o afluente do ribeirão do Isidoro. Grande parte dessa rede hídrica perfaz o último conjunto de águas limpas, não poluídas de BH. Essa rede hídrica, por sua vez, se liga ao córrego do Isidoro e esse ao Ribeirão do Onça que irá desaguar no Rio das velhas, que é a principal fonte de abastecimento de água de Belo Horizonte. Os estudos no presente projeto irão incluir os setores 1 e 2, enquanto que as ações de recuperação (recuperação de matas ciliares, nascentes, etc) irão acontecer nos setores 1-A e 1-B.
Figura 1 - Região da Granja Werneck ilustrando a riqueza de córregos, nascentes que perfazem parte da bacia hidrográfica do Córrego Isidoro, um dos mais importantes da região norte de Belo Horizonte.
O área focal do projeto está representada em maior detalhe na Figura 2 (Setores 1-A e 1-B, da Figura 1, acima). Nesta segunda figura, estão destacados os quatro córregos e nascentes que serão recuperados no projeto. Podemos notar a presença de pelo menos 5 impactos: desmate, assoreamento, erosão, invasão de espécies exóticas e poluição das águas. Torna-se necessário a criação e drenagens e pontes para redirecionar a água e proteger a nascente. Algumas nascentes estão completamente secas, a vegetação apresenta espécies invasoras e a mata ciliar deve ser restaurada no seu entorno usando sistema de zoneamento com espécies arbóreas (Welsch, 1991; Lowrance et al., 1997; Schultz et al., 2004; Kimura et al. 2017) com ajustes para nascentes (Mendes, 2017). A comunidade optou pela implantação de uma agrofloresta em trechos da nascente usando consorcio de frutíferas e nativas arbóreas cuja produtividade será avaliada pelo indice “Land equivalent ratio” (LER) que avalia o benefício do consorcio (Mead R, Willey RW 1980; Pagano et al. 2008).
A nascente recebe esgoto e por isto serão implantadas fossas ecológicas nas residências do entorno. A fertilidade, estabilidade do solo, volume de sedimentos aportados, água do solo (água gravitacional e potencial matricial), volume e qualidade de agua superficial serão estimados no início dos trabalhos e após 11 meses das intervenções.
Figura 02 - Córrego Macacos e suas nascentes ao longo da ocupação Vitoria Área de recuperação de 0,6 ha a ser executada no primeiro ano (demarcada com pontilhado): incluindo Mata Ciliar ( MC), Nascentes onde haverá intervenções: N1-A, N1-B, N2, N3-A e N3-B.
A nascente NA (Figura 3) também sofre grande impacto de uma rua e residências construídas sobre a mesma. Ainda assim, a água da nascente está aflorando, porém, de maneira desordenada. Será necessário o redirecionamento desta água através de drenos e proteção com pontes. Parte da nascente poderá receber uma mata ciliar usando sistema de zoneamento com espécies arbóreas (Welsch, 1991; Lowrance et al., 1997; Schultz et al., 2004; Kimura et al. 2017) com ajustes para nascentes (Mendes, 2017).
Como aqui também a nascente recebe esgoto, serão implantadas fossas ecológicas nas residências do entorno. A fertilidade, estabilidade do solo, volume de sedimentos aportados, água do solo (água gravitacional e potencial matricial), volume e qualidade de água superficial serão estimados no início dos trabalhos e após 11 meses das intervenções.
Figura - 3 - Aspecto típico de uma das nascentes a ser restaurada com a presença de moradias próximas à mata ciliar e ao córrego com sua nascente.
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA
O programa de coleta de amostras da água incluirá dois ciclos sazonais completos: período chuvoso e de estiagem. Este critério leva em consideração o aspecto da sazonalidade bem característico da região e que influencia na capacidade da vazão, por conseguinte, relaciona-se diretamente com a capacidade de depuração que a água possui e que define o seu IQA (Índice de Qualidade da Água). As amostras de água serão coletadas e preservadas de acordo com as normas da CETESB (1988) e NBR 9898/87. Dezenove pontos de coletas serão considerados.
Em laboratório, todas as análises serão executadas seguindo normas da ABNT e/ou AWWA/APHA (1990). Para as análises de bactérias do grupo coliformes se adotará o método da membrana filtrante (AWWA, 1990). As análises de organismos macroinvertebrados nos sedimentos dos córregos em estudo identificará (quantitativa e qualitativamente) possíveis indicadores da qualidade da água (AWWA, 1990). Os resultados das análises serão comparados com limites da legislação CONAMA 357/05, Art. 15 e usados para cálculo do IQA, seguindo as orientações da CETESB. Na caracterização da qualidade da água, se utilizarão algumas variáveis que representam suas características físico-químicas e biológicas, ou seja, indicadores da qualidade da água, que representam impurezas quando ultrapassam a certos valores estabelecidos. Estas variáveis, em outras pesquisas também chamadas de parâmetros serão estabelecidas pela National Sanitation Foudantion (NSF 1970) nos Estados Unidos, através de pesquisa de opinião junto a vários especialistas da área ambiental, para o desenvolvimento do IQA.
Os seguintes parâmetros serão considerados: temperartura, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, coliformes fecais, pH, demanda bioquímica de oxigênio, nitrato, fosfato total, turbidez e sólidos sedimentáveis, totais e inorgânicos. Para cada parâmetro serão traçadas curvas médias da variação da qualidade da água em função das suas respectivas concentrações. A cada variável será atribuída um peso, listados de acordo com sua importância relativa no cálculo do IQA. Como resultado deste monitoramento será possível a identificação e correção de pontos de maior contaminação por esgoto urbano em cada nascente e nos córregos sob estudo deste projeto.